Autoconhecimento é o diferencial, o resto é técnica
Mudanças estruturais pedem mais que uma intervenção superficial.
Tem muita gente falando de saúde mental hoje em dia, isso é ótimo. A pauta está tanto em ministérios como em vídeos no tiktok o que nos faz crer que o tema (e a preocupação) está começando a se democratizar, menos para o Neymar, que “não é louco e não precisa de psicólogo”, e para a CBF, que concorda.
No eixo saúde mental/finanças, também está acontecendo: mais planejadores incorporando as ciências comportamentais numa abordagem humanizada, as finanças comportamentais trazendo pra baila as noções de vieses e heurísticas e muita gente (entre psicólogos, coachs, influencers e toda sorte de mentores do Instagram) falando de crenças financeiras.
Tá ótimo, só que tem mais e parar por aí não resolve o problema (que tá mais no fundo) de muita gente e não leva a gente a viver uma vida financeira mais íntegra e conectada com quem realmente somos.
Olhar para o comportamento não basta
Elucidando o que queremos dizer, vamos nos apoiar em um exemplo: as finanças comportamentais. Vamos descrever a área de maneira bem reduzida, e um pouco enviesada, mas só para te mostrar as coisas do ponto de vista de Psicologia do Dinheiro. Vambora!
As finanças comportamentais é focada no processo de tomada de decisão financeira. Na prática, propõe a construção de um contexto que favoreça ou induza tomadas de decisões que trarão melhores resultados. Por trás disso, está o pressuposto verdadeiro de que temos uma racionalidade limitada, ou seja, que o processo cognitivo humano é limitado e, por isso, é incapaz de tomar decisões perfeitas (por incrível que pareça, até então o modelo em voga era o da “racionalidade absoluta”, que acreditava que nossas escolhas eram plenamente racionais).
Então como nossa cognição é limitada, alguns “empurrõezinhos” seriam bem-vindos para tomarmos decisões melhores.
Esses empurrõezinhos são os famosos nudges, um conceito desenvolvido por Richard Thaler e Cass Sunstein (que publicaram um livro famoso sobre o assunto). Os nudges nada mais são que intervenções que buscam simplificar a tomada de decisão. Para dar um exemplo clássico…
Preocupados em reduzir os respingos nos mictórios em um aeroporto na Alemanha, ao invés de por placas e avisos nos autofalantes pedindo pela gentileza dos usuários não urinarem no chão, as autoridades grudaram adesivos de moscas dentro de cada mictório. O resultado? Redução de 80% do derramamento de urina.
Os homens viam a imagem do inseto e, inconscientemente, miravam no bicho. Foi uma mudança na disposição do ambiente a fim de mudar o curso de uma ação, o adesivo deu um “empurrãozinho”.
Esse caso é mesmo incrível (e divertido), mas ele mostra bem como as interferências são feitas fora e não dentro da pessoa. Você muda os efeitos, mas não as causas. Psicologicamente, é até possível interferir indiretamente nas causas através dos efeitos, mas o processo é mais lento e menos eficiente.
Isso é suficiente para o Aeroporto da Alemanha, mas será que é suficiente quando queremos mudar um comportamento financeiro?
A partir de dentro
Bem, às vezes é, mas não pra todo mundo e não pra todo comportamento.
Em muito casos, o melhor mesmo é ir até o núcleo do problema e fazer a transformação ali, dentro da gente:
Compras impulsivas podem revelar uma ansiedade mais profunda ou a necessidade de preencher um um vazio emocional.
A desorganização financeira pode esconder um medo de tomar controle sobre a própria vida ou uma crença negativa sobre dinheiro, que foi construída lá na infância e afeta sua vida profissional como um todo.
Nunca sobrar dinheiro ou a dificuldade recorrente de fechar o mês no verde pode apontar para um desconforto em ter mais dinheiro que sua família ou para uma crença de que o $ torna as pessoas comuns.
São só exemplos, as possibilidades são infinitas.
O importante é notar que uma abordagem mais integral e próxima da complexidade humana - como acreditamos ser a Psicologia do Dinheiro -, vai mexer num nível mais profundo do problema, resolvendo questões que afetam muitas áreas da vida, atrasam nosso desenvolvimento financeiro (e existencial) e nos privam da vida que sonhamos para nós.
E tem mais: abordagens mais “externas”, sejam úteis quanto forem, podem nos ajudar a nos orientarmos no “mundo de fora”, mas não melhoram nossa orientação interna.
Em um mundo de incerteza econômica, assédio constante do marketing e superabundância caótica de informação, saber quem somos, o que queremos e no que acreditamos faz toda a diferença. Orientação interna é isso.
Mas para isso temos que olhar para dentro, entrar em contato com nossos sonhos, medos, projeções e sombras, vendo nos comportamentos sinais de coisas mais profundas.
Depois disso, é fato que você vai tomar decisões financeiras muito melhores, mas também vai ser uma pessoa mais inteira, mais consciente (e responsável) da própria história e mais centrada no mundo.
Não somos apaixonados pela Psicologia do Dinheiro à toa.
📍Psi, essa é para você!
Tudo o que falamos acima tem um tom especial para os psicólogos.
A Psicologia do Dinheiro tem um diferencial que cada vez mais gente está se dando conta. Ela é uma abordagem muito eficiente para problemas que antes eram difíceis de entender e resolver.
É fato: ela só vai ganhar espaço com o tempo.
Grandes portais já tem trazido o tema para a baila, como foi o caso, recentemente, de uma matéria que saiu na Forbes. Uma maravilha, né?! Sim, mas nem tanto. Uma coisa nos preocupa.
Como no caso da Forbes, muitos autores que veiculam a área na mídia não são psicólogos.
Talvez porque a mídia não saiba da existência de psicólogos na área, talvez porque os próprios psicólogos não estejam ocupando esse lugar (ou talvez por outros motivos menos ingênuos), mas o problema é que, por conta disso, as falas geralmente restringem a contribuição que a psicologia realmente tem a oferecer, às vezes reduzindo tudo a uma questão de heurísticas e vieses.
A gente precisa assumir nosso lugar, mas para isso é essencial ter um bom conhecimento sobre a Psicologia do Dinheiro!
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Não é à toa que eu me apaixonei pela Psicologia do Dinheiro e por vocês! Vida longa ao Instituto! Obrigada por tanto esclarecimento e aprendizado.