(em tom jornalístico escrachado do SBT)
Quando Shirley fica triste, sempre sai correndo para os braços dele, enquanto Rodrigo, esposo de Shirley, que não gosta nada dessa história, briga diariamente com ela por conta disso (”as coisas estão muito liberais hoje em dia, relata Rodrigo). Guto, seu filho, só de pensar nele, tem febre e quer fugir de casa. A vizinha da rua, Elen, ex-esposa de Rodrigo e atual ficante de Guto, acha que Shirley ficou louca e ameaça chamar a polícia…
No Casos de Família de hoje, vamos falar sobre a relação de Shirley e de sua família com o Dinheiro.
Mas antes, você já ouviu falar na nova tekpix… Opa! Quer dizer, alguns avisos e convites.
Já já tem outra supervisão aberta para psicólogos e terapeutas, você pode trazer um caso ou só acompanhar. Se inscreva por aqui.
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Shirley está cheia de dívidas e diz que Rodrigo tem que ir cuidar da sua vida
Já está na hora de entendemos que, assim como Shirley, nossa vida é atravessada pela relação que temos com o dinheiro, uma relação bem complexa. Ele está em todas as relações pessoais, influencia nossa profissão, cria e altera emoções, define nossos sonhos e, bem, definitivamente, influencia nossa saúde mental.
Pense se estivesse no lugar de Shirley - cheia de dívidas devido a sua impulsividade por compras e com o marido aborrecido e o filho traumatizado por conta disso (além da conspiração da ex do seu atual, que é ficante do seu filho). Não é o melhor cenário para nossa saúde mental e qualidade de vida, né?!
Mas o fato é que a relação com o dinheiro anda complicada para muita gente. Para ter uma ideia:
46% dos brasileiros relatam ansiedade frequente em relação às suas finanças. O medo leva 21% a não abrirem boletos e extratos, por exemplo, e 39% sentem culpa e ansiedade só de pensar no orçamento (Pesquisa “O bolso do brasileiro”, Instituto Locomotiva, 2020)
83% dos endividados têm dificuldade para dormir por conta das dívidas e 78% têm surtos de pensamentos negativos por caso dos débitos vencidos (Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro, 2022)
Profissionais com problema financeiros estão 4x mais suscetíveis ao estresse e, de modo geral, 5x mais propensos a não conseguir terminar as tarefas (Sodexo, 22).
E voltando pra Shirley, que tem dificuldade em controlar seus gastos, o casamento com Rodrigo não deve ir bem, afinal, cerca de 57% dos divórcios no Brasil são motivados por problemas financeiros (IBGE).
Fica uma climão, Rodrigo faz um fuzuê e Shirley se revela.
Algumas Shirleys já passaram pelo consultório por aqui, mas os pacientes se divide entre aqueles que dependem financeiramente de alguém, os que bancam terceiros, aqueles que poupam excessivamente, possuem algum grau de fobia financeira e até aqueles que têm dinheiro mas não conseguem gastá-lo de maneira prazerosa. São muitos casos de família, como você pode imaginar.
Para nós psicólogos, além de jogo de cintura e muito estudo, para resolver todos esses casos uma coisa é essencial: reconhecer que os problemas financeiros têm raízes psicológicas. Porque a verdade é que muitos psicólogos ainda não percebem essa verdade, o que torna impossível pensar em abordá-la.
Psicólogos e leigos em geral, fique bem claro. Nossa visão cultural sobre o dinheiro passa ao largo de tudo isso. Não somos ensinados a compreender a nossa dinâmica interna com o dinheiro, mas apenas a dinâmica econômica, matemática e, no máximo, “contextual” das finanças; ou seja, apenas os elementos externos da nossa vida financeira.
Talvez por isso, perguntam muito para a Dri: como saber se minha questão com o dinheiro ou a do meu paciente tem raízes psicológicas ou é apenas um caso de educação financeira?
Essa resposta não é tão simples, mas depois de tantos anos na prática podemos dizer que essas duas perguntas dão uma boa direção para a resposta:
Você ou o seu paciente estão sempre evolvidos em conflitos internos ou sociais com o dinheiro?
Você ou o seu paciente já acumulam várias tentativas frustradas de se organizar, administrar e gastar melhor o dinheiro?
Shirley, muito provavelmente, diria “sim” para ambas perguntas. Teríamos que conversar melhor com ela para entender as origens e as razões do seu comportamento, mas é possível que ela tenha encontrado nas compras aquela sensação de liberdade e poder que não encontra no trabalho ou em casa. Além do prazer desencadeado pelo ato de comprar, é só quando Shirley vai ao shopping que se sente empoderada, dona de si. O dinheiro está atrelado à sua própria identidade de uma forma disfuncional e adoecedora.
Sem entrar na briga do casal, uma coisa é certa, Shirley tem que aprender a cuidar melhor da sua vida e da saúde financeira, e a ajuda de um profissional capacitado, para esse caso, é essencial.
A situação se acalma, Elen sai revoltada, mas Shirley vê luz no fim do túnel.
Muitas vezes, as pessoas se fecham, sem querer falar sobre o assunto, fazendo de conta que ele não existe, mas o pior é quando acreditam que eles não podem ser resolvidos, quando na verdade podem!
Uma relação saudável com o dinheiro é uma realidade plausível, e quando falamos de relação saudável com o dinheiro, queremos falar de um cenário onde você ou o seu cliente está:
Com uma boa gestão financeira;
Conectado de forma tranquila com o dinheiro;
Com as finanças coerentes aos próprios valores;
Vivendo o trabalho/geração de renda em equilíbrio com outras áreas da vida;
Sabendo dar e reconhecer limites;
Se comunicando assertiva e empaticamente com respeito ao dinheiro.
Shirley não tem que aprender só a gerenciar melhor seu dinheiro. Na verdade, a mudança deve ser mais profunda: ela tem de aprender a pensar, sentir, se comunicar e se comportar melhor com o seu dinheiro.
Pelo menos é assim que trabalhamos aqui: entendemos o dinheiro em seu aspecto sistêmico e orgânico dentro da vida das pessoas.
Falando em tekpi… Errr, quer dizer… falando de saúde financeira, temos um (ou dois) convite para você:
A lista de espera para o PAF está aberta! Um programa de acompanhamento e desenvolvimento da nossa consciência financeira que montamos com carinho. Ali ensinamos uma nova cultura do dinheiro e um outro jeito de gerenciar as finanças. Entre para a lista de espera clicando aqui!
Se você for um(a) psi, temos um grupo no WhatsApp exclusivo focado em troca de experiências, aprendizado e discussão sobre o universo clínico da psicologia do dinheiro. A coisa tá ficando bonita por ali! Entre para o grupo clicando aqui!
A Shirley seria super bem-vinda no PAF e seria ótimo que o terapeuta dela estivesse no grupo de WhatsApp!
(Em tom jornalístico escrachado do SBT) No próximo programa, veremos o caso do Ricardão, que teve sua autoestima masculina perturbada quando sua mulher passou a ganhar mais do que ele. Será que Ricardão vai conseguir voltar a falar de dinheiro ou continuará a evitar o assunto e fugir do orçamento?
(É brincadeira, mas se vocês quiserem, falamos do Ricardão e dos problemas masculinos com o dinheiro)
Escreva nos cometários se você quer esse ou outro tema!
Um cheiro,
Equipe Psicologia e Dinheiro